A suplementação auxilia a suprir os nutrientes faltantes em nosso
organismo, além de prevenir doenças.
As vitaminas são nutrientes
essenciais que contribuem para o desenvolvimento normal e a manutenção do
equilíbrio metabólico do corpo, não só para evitar carências nutricionais, mas também como preventivo de uma série de
doenças. São chamadas de essenciais porque não são sintetizadas pelo corpo
humano, sendo necessária a ingestão através dos alimentos. Mas será que sua
dieta pode fornecer todas as vitaminas e minerais que você necessita na
proporção adequada?
A inserção de grande número de
mulheres do mercado de trabalho, o aumento do número de adultos solteiros vivendo
sozinhos, o ritmo de vida acelerado e a vida profissional tomando cada vez mais
tempo têm exigido mais praticidade no momento de fazer as refeições, e
aumentando a demanda por alimentos prontos para o consumo. Isso dificulta as
ingestões diárias de vitaminas e minerais nas quantidades necessárias, pois
reduz o consumo de alimentos saudáveis e uma alimentação variada. Os fatores
ambientais como a poluição, o uso indiscriminado de pesticidas, a alta
quantidade de corantes e conservantes, a forma de preparo de alimentos, o
estresse físico e mental e o tabagismo exigem uma quantidade maior de nutrientes
para que o organismo consiga funcionar de forma adequada para se desintoxicar e
se recuperar desses fatores.
Mesmo quando ingerimos alimentos
que concentram algumas vitaminas ou minerais, há outros fatores que precisam
ser considerados, como o solo onde o alimento foi cultivado e se a quantidade
desses nutrientes presentes em nossa alimentação suprem as necessidades de
nosso organismo.
O conteúdo mineral do solo é
muito variável. Um estudo interessante foi feito com a dosagem de selênio em
castanhas-do-pará (que naturalmente concentra selênio, mas cujo teor depende da
qualidade de selênio no solo). Em algumas áreas do Pará as castanhas
apresentavam altas quantidades, enquanto que em outras eram pobres em selênio.
Os resultados variavam de 0,2 ppm até 253 ppm, uma variação de 1.000%.
Outro fator que reduz a
concentração mineral dos alimentos é o empobrecimento da terra cultivável.
Utiliza-se a mesma terra para a agricultura por décadas, e se devolve ao solo
apenas os fertilizantes químicos com nitrogênio, fosfato e o potássio (famoso
fertilizante NPK), levando a uma redução progressiva de minerais dos alimentos.
Estudos feitos na Inglaterra mostraram que, quando comparados aos mesmos
vegetais de 1940, houve uma redução de 24% no magnésio, 46% de cálcio, 59% de
zinco e 76% de cobre nos vegetais.
Há uma série de fatores que
determinam a chamada biodisponibilidade de nutrientes e compostos bioativos
obtidos pela alimentação. O teor de vitaminas dos alimentos é bastante variado.
Nos vegetais, por exemplo, depende da espécie, do estágio de maturação na época
da colheita, das condições de estocagem, do processamento e do tipo de
preparação. Como as vitaminas são compostos sensíveis, podem sofrer degradação
por vários fatores, como temperatura, presença de oxigênio, luz, umidade etc. Apesar
de torná-los mais atraentes ao paladar e aumentar a sua vida de prateleira, o
processamento de alimentos pode alterar significativamente a composição
qualitativa e quantitativa dos nutrientes.
Além disso, os alimentos refinados
perdem nesse processo quase que a totalidade de suas vitaminas, que muitas
vezes encontram-se na pele dos grãos. O arroz refinado, por sua vez, contém uma
quantidade bem inferior de vitaminas do complexo B quando comparado ao arroz
integral, o mesmo ocorre com o trigo. O cozimento excessivo de vegetais
desnatura as vitaminas, sendo o cozimento por vapor menos prejudicial. Os sucos
industrializados e engarrafados possuem pequeno valor nutritivo, além disso,
muitos contem estabilizantes, acidulantes, conservantes, aromatizantes.
Diante disso, na vida moderna
tornou-se praticamente essencial o uso de multivitamínicos para atingir os
níveis adequados de vitaminas e minerais. Sabe-se que os nutrientes, além de
prevenir as carências nutricionais, podem ser grandes aliados na prevenção de
doenças e manutenção da saúde, além de auxiliar em doenças já instaladas.
Os Multivitamínicos não atuam apenas na correção de deficiência, mas
também na prevenção de patologias.
Benefícios comprovados:
Há diversos estudos e artigos
científicos que demonstram a importância do uso de multivitamínicos com intuito
de prevenção, e os benefícios em algumas doenças, otimizando o resultado
clínico dos pacientes, e consequentemente, restabelecendo o equilíbrio
metabólico. Os multivitamínicos não atuam apenas na correção de deficiência,
mas também na prevenção de patologias. Esse tipo de suplemento é de grande
interesse para uma sociedade, que cada vez mais preza pela saúde e busca
envelhecer com qualidade de vida. Cada vitamina tem uma atuação específica nas
funções bioquímicas e também age sinergicamente com outras vitaminas e
minerais, produzindo efeitos benéficos pela associação, por isso, observa-se
que em alguns casos há resultados mais satisfatórios em suplementos com esses
compostos, quando comparados ao uso isolado de cada nutriente. Um exemplo claro
foi na prevenção de defeitos do tubo neural quando se obteve melhores
resultados dando um multivitamínico com ácido fólico, do que dando apenas doses
altas de ácido fólico.
Um grande estudo publicado em
novembro de 2012 pelo journal of the American Medical Association, envolvendo
14.641 homens dos EUA, com 50 anos ou mais, dos quais 1.314 com histórico de
câncer, submetendo-os à ingestão de multivitamínicos ou placebo, de 1997 até
junho de 2011, para avaliar o efeito sobre o desenvolvimento de câncer de
próstata, colorretal e outros tipos específicos de câncer. Comparando com o
grupo que ingeriu placebo (cápsulas sem vitaminas), o que suplementou com um
multivitamínico diariamente reduziu a incidência em até 12%, e em redução de
mortalidade de 27% dos participantes que já haviam tido câncer.
Outro grande trabalho que
acompanhou 12.019 sobreviventes de câncer de mama por até 5 anos após o diagnóstico comprovou uma
redução de 16% no risco e morte dos
participantes que tomaram um multivitamínico.
Um grande estudo foi realizado na
França onde se deu um multivitamínico antioxidante para 13.017 por 7 anos e
meio (estudo SU.VI.MAX.). Após este período, observou-se uma significativa
redução da mortalidade geral por todas as causas em homens, por que
apresentavam níveis mais baixos de nutrientes no início do trabalho. Este
estudo comprovou que o benefício maior das vitaminas acontecerá obviamente em
que tem carência dessas.
Alterações cognitivas e metabólicas
são comuns em indivíduos com mais de 40 anos. Em uma grande metanálise (análise
de todos os estudos publicados sobre o tema) que estudou a melhora da cognição
em homens e mulheres com o uso de multivitamínico, por exemplo, mostrou bons
resultados em relação à melhora da memória recente, conhecida como memória de
trabalho, que é uma grande queixa dos idosos. Em uma revisão, documentou-se a
melhora da inteligência e performance acadêmica em crianças saudáveis que
usaram um multivitamínico.
Já foi visto que o uso de alta
doses de ácido fólico não foi suficiente para reverter o excesso de
homocisteína no plasma de pessoas com alterações no metabolismo deste
aminoácido, uma vez que o indivíduo pode ter um defeito genético na conversão
do ácido fólico em sua forma ativa, o 5-MTHF. Em um estudo com 106 mulheres
entre 30 e 42 anos (não fumantes, não vegetarianas e pressão arterial normal)
com níveis altos de homocisteína no sangue, foi visto que uma suplementação
multivitamínica foi mais eficiente na redução da homocisteína, além do que
doses altas de ácido fólico que podem se tornar pró-inflamatórias. Os
resultados sugerem que não adianta focar apenas em um nutriente, pois quando há
uma alteração instalada, diversos substratos são necessários e atuarão em conjunto
para corrigi-la.
No caso de gestante, a
suplementação com vitaminas já está estabelecida como uma forma de diminuir a
prematuridade e o baixo peso ao nascer, no entanto, avaliar o uso junto com um
médico é fundamental, pois ele quem vai definir quais são as doses exatas para
garantir a saúde.
Por que é melhor o multivitamínico manipulado?
A farmácia de manipulação existe
para que se possa fazer a individualização adequada da medicação para a
necessidade do paciente. Assim, um médico ou nutricionista, com conhecimento
sobre o histórico familiar do paciente, seus hábitos de ida e alimentação, sua
condição clínica, poderá determinar os objetivos da suplementação de vitaminas
e recomendar as doses adequadas dos nutrientes, de maneira individual a cada
paciente.
No Brasil os multivitamínicos
comerciais têm suas doses limitadas ao RDA (dose diária recomendada) pela
ANVISA. Sabe-se que vários nutrientes podem ter maiores benefícios se usados em
doses maiores que RDA, pois estas doses são estabelecidas como mínimas para não
ter carências nutricionais, não para suprir a necessidades atuais da vida
moderna. O RDA da vitamina C, por exemplo, é de 90mg, o suficiente para não se
ter escorbuto, mas doses maiores que 500mg previnem melhor uma série de doenças.
Os minerais usados nos
multivitamínicos comerciais são minerais de pouca absorção, pois estão na forma
de óxidos (óxido de zinco...), como são encontrados no solo. Nos
multivitamínicos manipulados utilizam-se minerais na forma de quelados. Quelar
significa em grego abraçar, assim os minerais estão “abraçados” por aminoácidos
e são muito mais absorvidos que os minerais na forma de óxido. Além disso, pode
ser acrescentado substancias que não estão disponíveis nos multivitamínicos
comerciais, como licopeno, que previne doenças na próstata e na mama, ou
gamatocoferol que é uma vitamina E natural de melhor qualidade que a
alfa-tocoferol sintética usada pelos multivitamínicos.
Multivitamínico aliado a práticas saudáveis
A suplementação adequada de
vitaminas e minerais deficitários, aliada à incorporação de hábitos de vida
saudáveis, como prática regular de exercícios físicos e de uma dieta
balanceada, representam os pilares para a manutenção do equilíbrio metabólico e
funcional do corpo, prevenindo doenças e promovendo um envelhecimento saudável.
Fonte: Revista ESSENTIA PHARMA –
Ed. 4